Desabafos Fotográficos {O inferno não são os outros}

Há uns 10 anos atrás mais ou menos, um amigo um tanto mais velho que eu, me disse: “Caio, a única pessoa capaz de fazer mal pra gente, é a gente mesmo.”

Na época eu não compreendia a real dimensão dessa frase. Entendia que eu, em algum momento, acabava enxergando os problemas maiores do que realmente eram, carregava nas tintas e por vezes enxergava a sombra muito maior que a cruz. Mas em outros momentos eu tinha a convicção de que era o outro sim me fazendo mal.

Anos depois eu entendi que o mal que nos incomoda no outro é exatamente aquele nosso lado negro com o qual a gente não sabe lidar. Ou não quer lidar e esconde da gente mesmo: o mais fácil é culpar uma outra coisa – a crise, o destino, uma outra pessoa – assim você se exime da respondabilidade de olhar pro seu “lado feio” e fazer algumas correções. Afinal, o inferno são os outros, né? (Segundo Sartre, ou Detonautas, se preferir…risos…)

Dizer “que o mal é o outro” é mais confortável, mas é bom estar ciente de que agindo assim você está perdendo a chance de ouro de aprender algo novo, geralmente sobre você mesmo ou sobre como lidar com a vida. Por isso prefiro olhar a pessoa que me incomoda como meu “professor de paciência”.

E aí, ou você se aceita ou muda a si mesmo, e o outro deixa de ser “o mal” para você e passa a não mais te incomodar. Não se iluda: você não muda o outro. (Ok, às vezes mostramos para o outro uma porta, ele mesmo abre e se modifica.) Algo de ruim que possa ser dito sobre você são apenas faces de uma “verdade” que cada um vai enxergar de uma maneira diferente.

      Nota mental: só não pense que as pessoas estão o tempo todo pensando em você;
      você não é o centro do mundo e as pessoas pensam em você muito menos do
      que se imagina. É saudável entender também que uma opinião sobre você é só uma opinião.

Então em vez de “ficar indignado com a maledicência”, se vitimizar, basta olhar para aquela pessoa que te condena sem saber muito sobre a sua vida e colocar-se como ouvinte atento, fazendo dela uma espécie de “guru espiritual”. (risos) Experimente: passado algum tempo, aquele “professor” te ensina tudo o que precisa saber. E ele sempre sai de cena na hora certa, que é justamente quando você entendeu aquela lição. E na sequência aparecem novos professores na nossa vida. (Sim, virão muitos outros, somos imperfeitos pra caramba.)

Assim como virão anjos também – vários – para nos amparar. Basta olhar para a luz.

Quando olhamos as contendas, as desavenças ou os momentos difíceis com a gratidão de quem enxerga naquilo uma oportunidade de crescimento – e percebemos que “o mal” não é o outro, mas está em nós e em como lidamos com as coisas – a vida começa a ficar muito mais interessante.

Você percebe que ninguém aí fora pode te causar sofrimento…e as palavras daquele meu amigo ressoam agora com mais significados e começam a fazer sentido em âmbitos que eu ainda não estava preparado para entender.